terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre o que se perdeu

Rangia a rústica madeira já lascada
Por tantos anos de amores escondidos
De galanteios, traições, peitos feridos
Mentiras fartas tantas vezes escutadas...

Quantos sapatos velhos foram esquecidos?
Quantas medidas do Bonfim já leiloadas?
Quanto do mais de tudo se perdeu na estrada?
Deixando ao léu somente versos comovidos

Rodando as sobras de canções, tantas memórias...
De cada nome de mulher, mais mil histórias,
Todas as horas, sal molhando capas, discos

Rodopiando o som e a fascinação
Do brando toque agulhando um coração
Aberto em mágoa e ainda envolto em visgo.


29/03/2011

sábado, 5 de março de 2011

Arco, íris.

Respingos na janela exalavam
O brilho da garoa que outrora
Caiu e arrastou consigo embora
As faces que em vapor se desenhavam;

No fosco que os traços ostentavam
Um colorido ignorava as horas
Dando aos respingos um só tom, agora
Da íris cor de âmbar na qual pulsavam

Guardando longe o som da bossa-nova
Um vidro a resguardar sua alcova
E os desatentos dedos rabiscando

Arcos oníricos do Sol formando
A difração dando uma só prova
De que a beleza em você se renova.


06/03/2011