quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Das coisas que sei

Não sei de seus lábios crispados
Dos sorrisos que a textura e o sabor escondem
Junto a voz inebriante mesmo na quietude.
De sua boca ao som dos seus arquejos, eu tudo desconheço.
Guardo na forma de lembrança inventada
Os suspiros, giros inexatos
De qualquer dança que dancem suas pernas.
Até seus braços pesando em meus ombros
E o sal das lágrimas sussurrando seu pranto
Correndo pela minha face, eu sinto.
De olhos fechados, eu sinto.
Não sei no seu sono quem guarda
A vida que rege a minha
Enquanto entrego meu sono pela sua paz.
Nas pálpebras cerradas, as portas de seu mundo
Divergem do meu mundo a porcelana rósea
Da sua face envolta num édem intocável
Frutificando sons, colhendo canções
Que na voz tenra conduzem meus pés
Embalados até o cansaço, até que eu ceda ao sono
E durma descrente, sabendo assim
Que nem a personificação do mais belo sonho
Traduziria um só suspiro disparado em sua presença.


19/11/10

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Labirinto

Além de cada passo, há você...
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nessa vil tortura, quedo eu
Ao repetir a trilha de um Teseu

Que dos raios de Sol só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,

Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes
O amor qual eu, caído herói, consinto.

Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.


03/10/09

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A quem pertencem os dias

Dias quentes; Dias frios; Dias teus.
És estiagem desprovida de pudor
Berrando sede e não deixando ser meu
O sonho de manter aceso o esplendor
Rubro de peito que cava apertado a dor.
Amante; Ausente mas sempre o mais fiel enquanto
Houver no céu estrelas com teu rosto.

09/11/10

Coisas que busquei

Das coisas que busquei, dos sonhos...
Das dores que senti, do triste...
Onírico pincel, tu foste
Como um único acalanto de sorriso.

Nos mais temidos dias que a memória
Se atreve a recordar, sem falha
Tão mais que a história, está
A estampa do seu rosto em talha

Que belo, que clichê inverso
De filme em que a mocinha salva o herói
E depois parte sob o céu do ocaso.

Que pedaço de estrela, de cinema
De tradução da vida num poema
De um nome repetido em verso.

01/11/10