quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Das coisas que sei

Não sei de seus lábios crispados
Dos sorrisos que a textura e o sabor escondem
Junto a voz inebriante mesmo na quietude.
De sua boca ao som dos seus arquejos, eu tudo desconheço.
Guardo na forma de lembrança inventada
Os suspiros, giros inexatos
De qualquer dança que dancem suas pernas.
Até seus braços pesando em meus ombros
E o sal das lágrimas sussurrando seu pranto
Correndo pela minha face, eu sinto.
De olhos fechados, eu sinto.
Não sei no seu sono quem guarda
A vida que rege a minha
Enquanto entrego meu sono pela sua paz.
Nas pálpebras cerradas, as portas de seu mundo
Divergem do meu mundo a porcelana rósea
Da sua face envolta num édem intocável
Frutificando sons, colhendo canções
Que na voz tenra conduzem meus pés
Embalados até o cansaço, até que eu ceda ao sono
E durma descrente, sabendo assim
Que nem a personificação do mais belo sonho
Traduziria um só suspiro disparado em sua presença.


19/11/10

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