Tão quanto uma bruma branca, nada vejo em tua presença além de ti, como se a mim bastasse, e o mundo fosse sem tua face, menos mundo, sem motivo exato, uma vaga ânsia, suspiro passado... Uma tosse tísica ou um só toque engasgado.
Tão quando uma bruma branca, me envolves mansa. Tua voz não canta, mas sôa à melodia, sôa a meio-dia e canto de pássaros, singela euforia. E Sol a pico, nascendo e morrendo todo dia, só para ver raiar teu riso, e pelo céu, dele ser guia.
Tão quanto uma bruma branca, faz-me vagar sem rumo buscando teus braços, sempre calmo e tateando o ar, crendo que outrora toda névoa se abrirá, mostrando distante teu rosto tímido sorrindo quieto e quase intocável.
Tão quanto uma bruma branca, tu se espalhas de bom grado, clareando a prosa de meu cotidiano seco e transformando-o em garoa e poesia, fazendo do branco a decomposição das sete cores e no entanto sendo, mais que tudo, alva luz correndo por meus olhos.
Tão quanto uma bruma branca, não tens em teu ser só uma estação. És na calidez o meu inverno, no frio todo o meu verão. Da secura do outono és demora, suspiro cansado, espera. E desbota no cinza, a flor, na esperada manhã, primavera.
Tão quanto uma bruma branca, tens meu eterno encanto e fascínio, incessante, mas brando feito espuma. És sempre assim, tão quanto bruma branca... És sempre assim, tão quando minha, Bruna.
sábado, 29 de maio de 2010
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