Não sei de seus lábios crispados
Dos sorrisos que a textura e o sabor escondem
Junto a voz inebriante mesmo na quietude.
De sua boca ao som dos seus arquejos, eu tudo desconheço.
Guardo na forma de lembrança inventada
Os suspiros, giros inexatos
De qualquer dança que dancem suas pernas.
Até seus braços pesando em meus ombros
E o sal das lágrimas sussurrando seu pranto
Correndo pela minha face, eu sinto.
De olhos fechados, eu sinto.
Não sei no seu sono quem guarda
A vida que rege a minha
Enquanto entrego meu sono pela sua paz.
Nas pálpebras cerradas, as portas de seu mundo
Divergem do meu mundo a porcelana rósea
Da sua face envolta num édem intocável
Frutificando sons, colhendo canções
Que na voz tenra conduzem meus pés
Embalados até o cansaço, até que eu ceda ao sono
E durma descrente, sabendo assim
Que nem a personificação do mais belo sonho
Traduziria um só suspiro disparado em sua presença.
19/11/10
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Labirinto
Além de cada passo, há você...
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nessa vil tortura, quedo eu
Ao repetir a trilha de um Teseu
Que dos raios de Sol só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,
Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes
O amor qual eu, caído herói, consinto.
Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.
03/10/09
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nessa vil tortura, quedo eu
Ao repetir a trilha de um Teseu
Que dos raios de Sol só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,
Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes
O amor qual eu, caído herói, consinto.
Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.
03/10/09
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A quem pertencem os dias
Dias quentes; Dias frios; Dias teus.
És estiagem desprovida de pudor
Berrando sede e não deixando ser meu
O sonho de manter aceso o esplendor
Rubro de peito que cava apertado a dor.
Amante; Ausente mas sempre o mais fiel enquanto
Houver no céu estrelas com teu rosto.
09/11/10
És estiagem desprovida de pudor
Berrando sede e não deixando ser meu
O sonho de manter aceso o esplendor
Rubro de peito que cava apertado a dor.
Amante; Ausente mas sempre o mais fiel enquanto
Houver no céu estrelas com teu rosto.
09/11/10
Coisas que busquei
Das coisas que busquei, dos sonhos...
Das dores que senti, do triste...
Onírico pincel, tu foste
Como um único acalanto de sorriso.
Nos mais temidos dias que a memória
Se atreve a recordar, sem falha
Tão mais que a história, está
A estampa do seu rosto em talha
Que belo, que clichê inverso
De filme em que a mocinha salva o herói
E depois parte sob o céu do ocaso.
Que pedaço de estrela, de cinema
De tradução da vida num poema
De um nome repetido em verso.
01/11/10
Das dores que senti, do triste...
Onírico pincel, tu foste
Como um único acalanto de sorriso.
Nos mais temidos dias que a memória
Se atreve a recordar, sem falha
Tão mais que a história, está
A estampa do seu rosto em talha
Que belo, que clichê inverso
De filme em que a mocinha salva o herói
E depois parte sob o céu do ocaso.
Que pedaço de estrela, de cinema
De tradução da vida num poema
De um nome repetido em verso.
01/11/10
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Ébrio encontro
Na imensidão, afagos trocados.
Copos vazios, ébrias mãos
O tatear leve, vago...
Ternura de quem não sabe
de quem finge que sabe
E que numa túrgida deixa,
deixa o ardor arder, volátil.
Na escuridão, afagos se perdem
Copos e cacos, mãos volupiosas
Um arranhar, mais um trago...
Atura aquele que sente
Que acha que sente
N'outra fúgida deixa,
A mentira se perder. Tão fácil.
Copos vazios, ébrias mãos
O tatear leve, vago...
Ternura de quem não sabe
de quem finge que sabe
E que numa túrgida deixa,
deixa o ardor arder, volátil.
Na escuridão, afagos se perdem
Copos e cacos, mãos volupiosas
Um arranhar, mais um trago...
Atura aquele que sente
Que acha que sente
N'outra fúgida deixa,
A mentira se perder. Tão fácil.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Beijo de carbono
Mulher, teus lábios tem sabor do céu diurno
Que na baixada é cinza e exala cigarro
E faz nas cinzas a fusão com o vermelho
Se estalando no encontrar das línguas sujas.
Me marca no pescoço com tuas garatujas
Que rabiscadas, fazem de mim teu espelho
E a minha imagem já não passa de um escarro
Que me entope a garganta quando durmo.
Pela manhã quando os meus olhos se abrem
Lutando contra a ressaca da luxúria
Te encontro ao meu lado e não entendo como
Finjo esconder o pecado que todos sabem
Sem demonstrar sequer um traço de lamúria
Por me impregnar com beijos de carbono.
06/10/10
Que na baixada é cinza e exala cigarro
E faz nas cinzas a fusão com o vermelho
Se estalando no encontrar das línguas sujas.
Me marca no pescoço com tuas garatujas
Que rabiscadas, fazem de mim teu espelho
E a minha imagem já não passa de um escarro
Que me entope a garganta quando durmo.
Pela manhã quando os meus olhos se abrem
Lutando contra a ressaca da luxúria
Te encontro ao meu lado e não entendo como
Finjo esconder o pecado que todos sabem
Sem demonstrar sequer um traço de lamúria
Por me impregnar com beijos de carbono.
06/10/10
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Soneto da busca
Procuro-te no gotejar das águas
Nuas, despindo os olhos sem receio
Regando o campo com sal; Semeio
A natureza toda em córneas rasas.
Procuro-te no pranto em que nadas
Nua, na pele despida de arreios
Liberta na flor d'água, a água aos seios
Fartos de ar envolto em voz gelada.
Do toque e o sopro da vida que volta
Com as mãos unidas, dize-me; "Não solta,
Que a eternidade nos aguarda, juro!"
Cálidos lábios da mulher nefasta
Do toque o sopro, e a vida que se afasta
E ao encontrá-la, não mais a procuro.
01/10/10
Nuas, despindo os olhos sem receio
Regando o campo com sal; Semeio
A natureza toda em córneas rasas.
Procuro-te no pranto em que nadas
Nua, na pele despida de arreios
Liberta na flor d'água, a água aos seios
Fartos de ar envolto em voz gelada.
Do toque e o sopro da vida que volta
Com as mãos unidas, dize-me; "Não solta,
Que a eternidade nos aguarda, juro!"
Cálidos lábios da mulher nefasta
Do toque o sopro, e a vida que se afasta
E ao encontrá-la, não mais a procuro.
01/10/10
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Cruzando olhares
Fitavam-me os seus olhos, sempre assim
Num pulsar breve e de tom tão vasto
Que ao suspirar sentia cá em mim
O sopro aromado à verde casto
Fitavam-me os seus olhos de alecrim
Como campinas se estendendo em pasto
Cessando a fome do amor, enfim
Para deixá-la então, depois, sem rastro.
E o verdejante campo devorou
Com labaredas meus fulgazes sonhos,
Que mesmo secos ainda resistem
Na sua ausência eterna, tanto insistem
Numa existência, outrora tão tristonhos,
Sonhando o olhar que do meu desviou.
04/08/2010
Num pulsar breve e de tom tão vasto
Que ao suspirar sentia cá em mim
O sopro aromado à verde casto
Fitavam-me os seus olhos de alecrim
Como campinas se estendendo em pasto
Cessando a fome do amor, enfim
Para deixá-la então, depois, sem rastro.
E o verdejante campo devorou
Com labaredas meus fulgazes sonhos,
Que mesmo secos ainda resistem
Na sua ausência eterna, tanto insistem
Numa existência, outrora tão tristonhos,
Sonhando o olhar que do meu desviou.
04/08/2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Das horas
Se não antes, agora que nada mais tenho...
Já que tudo se fez ausente, apagaram-se as luzes.
E ficaram sobre a mesa rabiscos
E esquecidos, com o tempo viraram lumes
Mas não vagaram ante a memória
Permaneceram somente.
Famintos os anos correram, devorando
Lá mesmo, no escuro, as memórias.
Se não agora, outro dia qualquer
Quando não houve ausência, acenderam-se as luzes.
E as faces barbadas pela idade tiveram
Como tênues lembranças
Vagos lumes sobre a mesa.
Já que tudo se fez ausente, apagaram-se as luzes.
E ficaram sobre a mesa rabiscos
E esquecidos, com o tempo viraram lumes
Mas não vagaram ante a memória
Permaneceram somente.
Famintos os anos correram, devorando
Lá mesmo, no escuro, as memórias.
Se não agora, outro dia qualquer
Quando não houve ausência, acenderam-se as luzes.
E as faces barbadas pela idade tiveram
Como tênues lembranças
Vagos lumes sobre a mesa.
sábado, 3 de julho de 2010
Brisa
Thais, tais pingos tão rasos,
Estivos; Poças de chuva,
Que o vento assopra a descaso,
Visando a água que turva.
Thais, talvez seja só
O vento tão desolado
Buscando nem que por dó
Somente a água ao seu lado.
Thais, veja então o vento
Por quanto brisa que passe
Feliz por num só momento
Beijar das águas a face.
28/10/09
sábado, 29 de maio de 2010
Bruma
Tão quanto uma bruma branca, nada vejo em tua presença além de ti, como se a mim bastasse, e o mundo fosse sem tua face, menos mundo, sem motivo exato, uma vaga ânsia, suspiro passado... Uma tosse tísica ou um só toque engasgado.
Tão quando uma bruma branca, me envolves mansa. Tua voz não canta, mas sôa à melodia, sôa a meio-dia e canto de pássaros, singela euforia. E Sol a pico, nascendo e morrendo todo dia, só para ver raiar teu riso, e pelo céu, dele ser guia.
Tão quanto uma bruma branca, faz-me vagar sem rumo buscando teus braços, sempre calmo e tateando o ar, crendo que outrora toda névoa se abrirá, mostrando distante teu rosto tímido sorrindo quieto e quase intocável.
Tão quanto uma bruma branca, tu se espalhas de bom grado, clareando a prosa de meu cotidiano seco e transformando-o em garoa e poesia, fazendo do branco a decomposição das sete cores e no entanto sendo, mais que tudo, alva luz correndo por meus olhos.
Tão quanto uma bruma branca, não tens em teu ser só uma estação. És na calidez o meu inverno, no frio todo o meu verão. Da secura do outono és demora, suspiro cansado, espera. E desbota no cinza, a flor, na esperada manhã, primavera.
Tão quanto uma bruma branca, tens meu eterno encanto e fascínio, incessante, mas brando feito espuma. És sempre assim, tão quanto bruma branca... És sempre assim, tão quando minha, Bruna.
Tão quando uma bruma branca, me envolves mansa. Tua voz não canta, mas sôa à melodia, sôa a meio-dia e canto de pássaros, singela euforia. E Sol a pico, nascendo e morrendo todo dia, só para ver raiar teu riso, e pelo céu, dele ser guia.
Tão quanto uma bruma branca, faz-me vagar sem rumo buscando teus braços, sempre calmo e tateando o ar, crendo que outrora toda névoa se abrirá, mostrando distante teu rosto tímido sorrindo quieto e quase intocável.
Tão quanto uma bruma branca, tu se espalhas de bom grado, clareando a prosa de meu cotidiano seco e transformando-o em garoa e poesia, fazendo do branco a decomposição das sete cores e no entanto sendo, mais que tudo, alva luz correndo por meus olhos.
Tão quanto uma bruma branca, não tens em teu ser só uma estação. És na calidez o meu inverno, no frio todo o meu verão. Da secura do outono és demora, suspiro cansado, espera. E desbota no cinza, a flor, na esperada manhã, primavera.
Tão quanto uma bruma branca, tens meu eterno encanto e fascínio, incessante, mas brando feito espuma. És sempre assim, tão quanto bruma branca... És sempre assim, tão quando minha, Bruna.
sábado, 10 de abril de 2010
Toque
Não seja minha, não seja nunca nada que me pertença.
Seja distânte, mais que o horizonte. Seja São Paulo, tão longe daqui...
Seja das cores o branco, que quando na chuva se camufla em arco-íris,
E seja inegável e sem fim, mas nunca minha.
Pois só assim, meu bem, eu saberei o que é amar...
Confesso assim, ó bem, irei sofrer sem ter pesar.
Seja distânte, mais que o horizonte. Seja São Paulo, tão longe daqui...
Seja das cores o branco, que quando na chuva se camufla em arco-íris,
E seja inegável e sem fim, mas nunca minha.
Pois só assim, meu bem, eu saberei o que é amar...
Confesso assim, ó bem, irei sofrer sem ter pesar.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Migalhas
Diz quem não teve da vida as migalhas
E nem do chão provou o amargor
E qual com dor nunca pagou suas falhas
Fingindo ter prazer, doce sabor.
Me diz qual homem nunca teve um pranto,
Pelo no silêncio da mais quieta noite,
Depois calado, com seus desencantos
Feriu um violão com seus açoites.
Mostre-me quem se tornou menos tolo
Por não amar, por não ser estradeiro,
E hei de mostrar-lhe um que foi menos vivo.
Mostre-me um que se armou sem desconsolo,
Vangloriando-se maior guerreiro,
E mostrarei então um guerreiro altivo.
E nem do chão provou o amargor
E qual com dor nunca pagou suas falhas
Fingindo ter prazer, doce sabor.
Me diz qual homem nunca teve um pranto,
Pelo no silêncio da mais quieta noite,
Depois calado, com seus desencantos
Feriu um violão com seus açoites.
Mostre-me quem se tornou menos tolo
Por não amar, por não ser estradeiro,
E hei de mostrar-lhe um que foi menos vivo.
Mostre-me um que se armou sem desconsolo,
Vangloriando-se maior guerreiro,
E mostrarei então um guerreiro altivo.
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