Vai, quebrante como a maré
Na calidez do verão
Rumo ao distante.
Clara e convicta
Na certeza da flor que floresce
Discreta, na relva.
Vai! Por mares de olhos tão cheios d'água
Fingindo ser a vida
Tenaz embarcação
Que ante a tormenta
Nada deseja além de enfrentá-la.
Em frente! Vai;
Que o que é feito de amor
Há de esperar-te.
Na volta do longe, o caminho
Cheira a saudade indo embora,
Cheira a aconchego.
domingo, 26 de janeiro de 2014
domingo, 11 de setembro de 2011
Sobre coisas guardadas...
Veste da forma, adorna e desce ao solo.
O sabiá entorna um canto lírio
E esconde o canto lá bem junto dela
Despe a vaidade, tarde, no alto ramo
Tão sem alarde a orquídea, e deixa em traços
O colorido lá na vida dela.
De corpo nu, reflete o azul no chão.
A terra ruge atroz sua firmeza
Para espantar de lá os medos dela.
No céu a luz em seu eterno exílio
Olha da lua o mundo em profusão
E trilha brilhos lá na estrada dela.
Da bela os sonhos e os amores todos
São sabiás, orquídeas, terra e lua,
Tudo guardado lá, no seio dela...
11/09/2011
O sabiá entorna um canto lírio
E esconde o canto lá bem junto dela
Despe a vaidade, tarde, no alto ramo
Tão sem alarde a orquídea, e deixa em traços
O colorido lá na vida dela.
De corpo nu, reflete o azul no chão.
A terra ruge atroz sua firmeza
Para espantar de lá os medos dela.
No céu a luz em seu eterno exílio
Olha da lua o mundo em profusão
E trilha brilhos lá na estrada dela.
Da bela os sonhos e os amores todos
São sabiás, orquídeas, terra e lua,
Tudo guardado lá, no seio dela...
11/09/2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Sobre a ausência
E eu que tanto careço de olhares de repente fiquei cego...
Carecendo tantos abraços, perdi sem praxe o tato.
Eu que sempre de longe respirei o aromado amor, desaprendi a amar
Ao respirar de um ar com mais sonhos do que oxigênio.
Eu que tanto quis fazer um mundo, me prendi à curta terra
De árvores quietas, desnudas de frutos
Que de tão secas, roubaram minhas horas gastas
Num semear arrastado pelos dias, pontuado pelas noites.
Eu que tanto careço tantas coisas, me perdi ao não querer mais nada...
Murcharam aos meus pés buquês de gerberas,
E murchei aos pés das flores murchas,
Quando o tudo que eu antes precisava se mostrou menor que a sua ausência.
Carecendo tantos abraços, perdi sem praxe o tato.
Eu que sempre de longe respirei o aromado amor, desaprendi a amar
Ao respirar de um ar com mais sonhos do que oxigênio.
Eu que tanto quis fazer um mundo, me prendi à curta terra
De árvores quietas, desnudas de frutos
Que de tão secas, roubaram minhas horas gastas
Num semear arrastado pelos dias, pontuado pelas noites.
Eu que tanto careço tantas coisas, me perdi ao não querer mais nada...
Murcharam aos meus pés buquês de gerberas,
E murchei aos pés das flores murchas,
Quando o tudo que eu antes precisava se mostrou menor que a sua ausência.
domingo, 17 de julho de 2011
Quando nada
Quando a gente respira nada,
Afaga o nada,
Olha o nada.
Quando a gente pensa nada,
Come o nada,
Ouve o nada.
Quando a gente fala nada,
Vive o nada,
E lá no fundo nada vive.
Quando a gente nada,
Afoga ou nada,
Respira...
Inspira.
Afaga o nada,
Olha o nada.
Quando a gente pensa nada,
Come o nada,
Ouve o nada.
Quando a gente fala nada,
Vive o nada,
E lá no fundo nada vive.
Quando a gente nada,
Afoga ou nada,
Respira...
Inspira.
terça-feira, 21 de junho de 2011
Afresco de um pintor da Via-Láctea
Tenho por ti qualquer amor ou coisa vaga
Uma paixão que a cada instante se deflagra
E se faz mais, cada vez mais, cada vez mudo...
Cada segundo em mil milênios, tempo e tudo.
Se te prometo as estrelas do céu desnudo,
Então os astros sequer olham o chão veludo
Sabendo que eu aguardo cá, com vida magra
Um só relance pra que eu suba ao céu e o abra,
E de lá seque as nuvens e apague o brilho
Tire constelações e qualquer empecilho
Qual se interponha contra o novo desenho
Que hei de fazer por teu olhar admirado:
Um novo véu, no tom do mais aquarelado
E alvo sentimento que à ti empenho.
22/06/11
Uma paixão que a cada instante se deflagra
E se faz mais, cada vez mais, cada vez mudo...
Cada segundo em mil milênios, tempo e tudo.
Se te prometo as estrelas do céu desnudo,
Então os astros sequer olham o chão veludo
Sabendo que eu aguardo cá, com vida magra
Um só relance pra que eu suba ao céu e o abra,
E de lá seque as nuvens e apague o brilho
Tire constelações e qualquer empecilho
Qual se interponha contra o novo desenho
Que hei de fazer por teu olhar admirado:
Um novo véu, no tom do mais aquarelado
E alvo sentimento que à ti empenho.
22/06/11
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Na chuva
Dança, e dança!
Enquanto a ventura no amor houver
E do guarda-chuva jorrar qualquer
Canção que de vontade de molhar
Num estalar de pés, todas as roupas.
Estenda para longe, vai! Não poupa
Do mundo a felicidade rouca
Que a voz escassa canta à quem vier
Sentir respingos sob o luar.
Quando fugir a luz pr'outro lugar
Num salto os braços hão de ensinar
Que vida de quem ama voa solta
E busca alto a amada mulher
Que ama, ama...
20/06/11
Enquanto a ventura no amor houver
E do guarda-chuva jorrar qualquer
Canção que de vontade de molhar
Num estalar de pés, todas as roupas.
Estenda para longe, vai! Não poupa
Do mundo a felicidade rouca
Que a voz escassa canta à quem vier
Sentir respingos sob o luar.
Quando fugir a luz pr'outro lugar
Num salto os braços hão de ensinar
Que vida de quem ama voa solta
E busca alto a amada mulher
Que ama, ama...
20/06/11
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Peônias
Tão belos os momentos, risos desatentos
Que quando contigo, fluem.
Um jeito airoso de flor querendo brotar
Na branca face, tua, divergindo a penumbra ao redor.
Trejeitos inconsúteis arrancados
De cada uma de tantas discretas olhadelas,
Dadas feito delírios que propagam
No céu e além do sereno que cai
Na relva, lá, tão longe de nós dois
Aonde a Lua quase finge que anuncia
Chegar macia a alvorada ao cabo da sombra
Fazendo mesmo em noite despertar
Um sono que lá eu plantei por ti,
Para colher as mil peônias que sonhaste.
03/05/2011
Que quando contigo, fluem.
Um jeito airoso de flor querendo brotar
Na branca face, tua, divergindo a penumbra ao redor.
Trejeitos inconsúteis arrancados
De cada uma de tantas discretas olhadelas,
Dadas feito delírios que propagam
No céu e além do sereno que cai
Na relva, lá, tão longe de nós dois
Aonde a Lua quase finge que anuncia
Chegar macia a alvorada ao cabo da sombra
Fazendo mesmo em noite despertar
Um sono que lá eu plantei por ti,
Para colher as mil peônias que sonhaste.
03/05/2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Sobre o que se perdeu
Rangia a rústica madeira já lascada
Por tantos anos de amores escondidos
De galanteios, traições, peitos feridos
Mentiras fartas tantas vezes escutadas...
Quantos sapatos velhos foram esquecidos?
Quantas medidas do Bonfim já leiloadas?
Quanto do mais de tudo se perdeu na estrada?
Deixando ao léu somente versos comovidos
Rodando as sobras de canções, tantas memórias...
De cada nome de mulher, mais mil histórias,
Todas as horas, sal molhando capas, discos
Rodopiando o som e a fascinação
Do brando toque agulhando um coração
Aberto em mágoa e ainda envolto em visgo.
29/03/2011
Por tantos anos de amores escondidos
De galanteios, traições, peitos feridos
Mentiras fartas tantas vezes escutadas...
Quantos sapatos velhos foram esquecidos?
Quantas medidas do Bonfim já leiloadas?
Quanto do mais de tudo se perdeu na estrada?
Deixando ao léu somente versos comovidos
Rodando as sobras de canções, tantas memórias...
De cada nome de mulher, mais mil histórias,
Todas as horas, sal molhando capas, discos
Rodopiando o som e a fascinação
Do brando toque agulhando um coração
Aberto em mágoa e ainda envolto em visgo.
29/03/2011
sábado, 5 de março de 2011
Arco, íris.
Respingos na janela exalavam
O brilho da garoa que outrora
Caiu e arrastou consigo embora
As faces que em vapor se desenhavam;
No fosco que os traços ostentavam
Um colorido ignorava as horas
Dando aos respingos um só tom, agora
Da íris cor de âmbar na qual pulsavam
Guardando longe o som da bossa-nova
Um vidro a resguardar sua alcova
E os desatentos dedos rabiscando
Arcos oníricos do Sol formando
A difração dando uma só prova
De que a beleza em você se renova.
06/03/2011
O brilho da garoa que outrora
Caiu e arrastou consigo embora
As faces que em vapor se desenhavam;
No fosco que os traços ostentavam
Um colorido ignorava as horas
Dando aos respingos um só tom, agora
Da íris cor de âmbar na qual pulsavam
Guardando longe o som da bossa-nova
Um vidro a resguardar sua alcova
E os desatentos dedos rabiscando
Arcos oníricos do Sol formando
A difração dando uma só prova
De que a beleza em você se renova.
06/03/2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Enlace em pulso
Finjo desdém à sua imaculada pele
Tão mais perfeita que qualquer dos meus sonetos.
Bem mais que ruas, ébrios labirintos, becos
Seus olhos cercam os meus, abrasando em febre.
Leitosas, as bochechas são outros quartetos
Se contraindo em sorrisos que não querem
Achar nas letras o seu perolado éden
Num beijo ávido à inundar os lábios secos
E falta a voz para negar o que se quer
Falta um não a ser falado em tom qualquer...
Só fica o enlace do teu corpo por meus pulsos.
O beijo vem para fechar à ouro a noite
Inesperado golpe, lábios como açoite
Doendo e 'inda assim rendidos ao impulso.
30/01/11
Tão mais perfeita que qualquer dos meus sonetos.
Bem mais que ruas, ébrios labirintos, becos
Seus olhos cercam os meus, abrasando em febre.
Leitosas, as bochechas são outros quartetos
Se contraindo em sorrisos que não querem
Achar nas letras o seu perolado éden
Num beijo ávido à inundar os lábios secos
E falta a voz para negar o que se quer
Falta um não a ser falado em tom qualquer...
Só fica o enlace do teu corpo por meus pulsos.
O beijo vem para fechar à ouro a noite
Inesperado golpe, lábios como açoite
Doendo e 'inda assim rendidos ao impulso.
30/01/11
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Das coisas que sei
Não sei de seus lábios crispados
Dos sorrisos que a textura e o sabor escondem
Junto a voz inebriante mesmo na quietude.
De sua boca ao som dos seus arquejos, eu tudo desconheço.
Guardo na forma de lembrança inventada
Os suspiros, giros inexatos
De qualquer dança que dancem suas pernas.
Até seus braços pesando em meus ombros
E o sal das lágrimas sussurrando seu pranto
Correndo pela minha face, eu sinto.
De olhos fechados, eu sinto.
Não sei no seu sono quem guarda
A vida que rege a minha
Enquanto entrego meu sono pela sua paz.
Nas pálpebras cerradas, as portas de seu mundo
Divergem do meu mundo a porcelana rósea
Da sua face envolta num édem intocável
Frutificando sons, colhendo canções
Que na voz tenra conduzem meus pés
Embalados até o cansaço, até que eu ceda ao sono
E durma descrente, sabendo assim
Que nem a personificação do mais belo sonho
Traduziria um só suspiro disparado em sua presença.
19/11/10
Dos sorrisos que a textura e o sabor escondem
Junto a voz inebriante mesmo na quietude.
De sua boca ao som dos seus arquejos, eu tudo desconheço.
Guardo na forma de lembrança inventada
Os suspiros, giros inexatos
De qualquer dança que dancem suas pernas.
Até seus braços pesando em meus ombros
E o sal das lágrimas sussurrando seu pranto
Correndo pela minha face, eu sinto.
De olhos fechados, eu sinto.
Não sei no seu sono quem guarda
A vida que rege a minha
Enquanto entrego meu sono pela sua paz.
Nas pálpebras cerradas, as portas de seu mundo
Divergem do meu mundo a porcelana rósea
Da sua face envolta num édem intocável
Frutificando sons, colhendo canções
Que na voz tenra conduzem meus pés
Embalados até o cansaço, até que eu ceda ao sono
E durma descrente, sabendo assim
Que nem a personificação do mais belo sonho
Traduziria um só suspiro disparado em sua presença.
19/11/10
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Labirinto
Além de cada passo, há você...
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nessa vil tortura, quedo eu
Ao repetir a trilha de um Teseu
Que dos raios de Sol só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,
Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes
O amor qual eu, caído herói, consinto.
Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.
03/10/09
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nessa vil tortura, quedo eu
Ao repetir a trilha de um Teseu
Que dos raios de Sol só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,
Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes
O amor qual eu, caído herói, consinto.
Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.
03/10/09
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A quem pertencem os dias
Dias quentes; Dias frios; Dias teus.
És estiagem desprovida de pudor
Berrando sede e não deixando ser meu
O sonho de manter aceso o esplendor
Rubro de peito que cava apertado a dor.
Amante; Ausente mas sempre o mais fiel enquanto
Houver no céu estrelas com teu rosto.
09/11/10
És estiagem desprovida de pudor
Berrando sede e não deixando ser meu
O sonho de manter aceso o esplendor
Rubro de peito que cava apertado a dor.
Amante; Ausente mas sempre o mais fiel enquanto
Houver no céu estrelas com teu rosto.
09/11/10
Coisas que busquei
Das coisas que busquei, dos sonhos...
Das dores que senti, do triste...
Onírico pincel, tu foste
Como um único acalanto de sorriso.
Nos mais temidos dias que a memória
Se atreve a recordar, sem falha
Tão mais que a história, está
A estampa do seu rosto em talha
Que belo, que clichê inverso
De filme em que a mocinha salva o herói
E depois parte sob o céu do ocaso.
Que pedaço de estrela, de cinema
De tradução da vida num poema
De um nome repetido em verso.
01/11/10
Das dores que senti, do triste...
Onírico pincel, tu foste
Como um único acalanto de sorriso.
Nos mais temidos dias que a memória
Se atreve a recordar, sem falha
Tão mais que a história, está
A estampa do seu rosto em talha
Que belo, que clichê inverso
De filme em que a mocinha salva o herói
E depois parte sob o céu do ocaso.
Que pedaço de estrela, de cinema
De tradução da vida num poema
De um nome repetido em verso.
01/11/10
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Ébrio encontro
Na imensidão, afagos trocados.
Copos vazios, ébrias mãos
O tatear leve, vago...
Ternura de quem não sabe
de quem finge que sabe
E que numa túrgida deixa,
deixa o ardor arder, volátil.
Na escuridão, afagos se perdem
Copos e cacos, mãos volupiosas
Um arranhar, mais um trago...
Atura aquele que sente
Que acha que sente
N'outra fúgida deixa,
A mentira se perder. Tão fácil.
Copos vazios, ébrias mãos
O tatear leve, vago...
Ternura de quem não sabe
de quem finge que sabe
E que numa túrgida deixa,
deixa o ardor arder, volátil.
Na escuridão, afagos se perdem
Copos e cacos, mãos volupiosas
Um arranhar, mais um trago...
Atura aquele que sente
Que acha que sente
N'outra fúgida deixa,
A mentira se perder. Tão fácil.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Beijo de carbono
Mulher, teus lábios tem sabor do céu diurno
Que na baixada é cinza e exala cigarro
E faz nas cinzas a fusão com o vermelho
Se estalando no encontrar das línguas sujas.
Me marca no pescoço com tuas garatujas
Que rabiscadas, fazem de mim teu espelho
E a minha imagem já não passa de um escarro
Que me entope a garganta quando durmo.
Pela manhã quando os meus olhos se abrem
Lutando contra a ressaca da luxúria
Te encontro ao meu lado e não entendo como
Finjo esconder o pecado que todos sabem
Sem demonstrar sequer um traço de lamúria
Por me impregnar com beijos de carbono.
06/10/10
Que na baixada é cinza e exala cigarro
E faz nas cinzas a fusão com o vermelho
Se estalando no encontrar das línguas sujas.
Me marca no pescoço com tuas garatujas
Que rabiscadas, fazem de mim teu espelho
E a minha imagem já não passa de um escarro
Que me entope a garganta quando durmo.
Pela manhã quando os meus olhos se abrem
Lutando contra a ressaca da luxúria
Te encontro ao meu lado e não entendo como
Finjo esconder o pecado que todos sabem
Sem demonstrar sequer um traço de lamúria
Por me impregnar com beijos de carbono.
06/10/10
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Soneto da busca
Procuro-te no gotejar das águas
Nuas, despindo os olhos sem receio
Regando o campo com sal; Semeio
A natureza toda em córneas rasas.
Procuro-te no pranto em que nadas
Nua, na pele despida de arreios
Liberta na flor d'água, a água aos seios
Fartos de ar envolto em voz gelada.
Do toque e o sopro da vida que volta
Com as mãos unidas, dize-me; "Não solta,
Que a eternidade nos aguarda, juro!"
Cálidos lábios da mulher nefasta
Do toque o sopro, e a vida que se afasta
E ao encontrá-la, não mais a procuro.
01/10/10
Nuas, despindo os olhos sem receio
Regando o campo com sal; Semeio
A natureza toda em córneas rasas.
Procuro-te no pranto em que nadas
Nua, na pele despida de arreios
Liberta na flor d'água, a água aos seios
Fartos de ar envolto em voz gelada.
Do toque e o sopro da vida que volta
Com as mãos unidas, dize-me; "Não solta,
Que a eternidade nos aguarda, juro!"
Cálidos lábios da mulher nefasta
Do toque o sopro, e a vida que se afasta
E ao encontrá-la, não mais a procuro.
01/10/10
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Cruzando olhares
Fitavam-me os seus olhos, sempre assim
Num pulsar breve e de tom tão vasto
Que ao suspirar sentia cá em mim
O sopro aromado à verde casto
Fitavam-me os seus olhos de alecrim
Como campinas se estendendo em pasto
Cessando a fome do amor, enfim
Para deixá-la então, depois, sem rastro.
E o verdejante campo devorou
Com labaredas meus fulgazes sonhos,
Que mesmo secos ainda resistem
Na sua ausência eterna, tanto insistem
Numa existência, outrora tão tristonhos,
Sonhando o olhar que do meu desviou.
04/08/2010
Num pulsar breve e de tom tão vasto
Que ao suspirar sentia cá em mim
O sopro aromado à verde casto
Fitavam-me os seus olhos de alecrim
Como campinas se estendendo em pasto
Cessando a fome do amor, enfim
Para deixá-la então, depois, sem rastro.
E o verdejante campo devorou
Com labaredas meus fulgazes sonhos,
Que mesmo secos ainda resistem
Na sua ausência eterna, tanto insistem
Numa existência, outrora tão tristonhos,
Sonhando o olhar que do meu desviou.
04/08/2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Das horas
Se não antes, agora que nada mais tenho...
Já que tudo se fez ausente, apagaram-se as luzes.
E ficaram sobre a mesa rabiscos
E esquecidos, com o tempo viraram lumes
Mas não vagaram ante a memória
Permaneceram somente.
Famintos os anos correram, devorando
Lá mesmo, no escuro, as memórias.
Se não agora, outro dia qualquer
Quando não houve ausência, acenderam-se as luzes.
E as faces barbadas pela idade tiveram
Como tênues lembranças
Vagos lumes sobre a mesa.
Já que tudo se fez ausente, apagaram-se as luzes.
E ficaram sobre a mesa rabiscos
E esquecidos, com o tempo viraram lumes
Mas não vagaram ante a memória
Permaneceram somente.
Famintos os anos correram, devorando
Lá mesmo, no escuro, as memórias.
Se não agora, outro dia qualquer
Quando não houve ausência, acenderam-se as luzes.
E as faces barbadas pela idade tiveram
Como tênues lembranças
Vagos lumes sobre a mesa.
sábado, 3 de julho de 2010
Brisa
Thais, tais pingos tão rasos,
Estivos; Poças de chuva,
Que o vento assopra a descaso,
Visando a água que turva.
Thais, talvez seja só
O vento tão desolado
Buscando nem que por dó
Somente a água ao seu lado.
Thais, veja então o vento
Por quanto brisa que passe
Feliz por num só momento
Beijar das águas a face.
28/10/09
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